sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Era um senhor brasileiro, extremamente educado, sem muitos conhecimentos daquilo a que se propôs fazer. No decorrer da conversa percebi tratar-se de um homem com um emprego precário, ganha à comissão e trabalha a recibos verdes. Disse-me que era doente, sofre de artrite. Devia ter necessidade de o dizer a todos os clientes, era uma forma de justificar as mãos deformadas pela doença.


Corta-me o coração ver gente da idade do meu pai a lutar assim pela vida. Gente com 60 anos devia ter estabilidade na vida. 
Deve ser pavoroso perceber que os sonhos que trouxemos quando atravessámos o Atlântico nunca se vão concretizar, e acabamos assim, numa dependência bancária em situação precária.


Vou abrir uma conta para mim, as contas não têm despesas de manutenção, as anuidades dos cartões são gratuitas e o senhor brasileiro ganha à comissão.


A vida é puta, não para todos, é certo, mas para alguns é muito puta.

2 comentários:

  1. É muito triste mesmo. Este mundo anda a humilhar, espezinhar e desesperar pessoas. E isso pode, a longo prazo, ter consequências como aquilo de que fala o teu post anterior.

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  2. se as diferenças de conforto, qualidade e nivel de vida já sao difíceis quando se é mais novo, quando ainda se tem forças e muitos caminhos abertos ou que poderão abrir-se, quanto mais nessa idade, em que a maioria das portas já se fechou, e as opções são limitadas. é triste chegar a essa idade e não ter conseguido alcançar grande coisa... é mais triste ainda quando, após uma vida inteira de trabalho e sofrimento, não se consegue viver uma vida minimamente estável.

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