domingo, 31 de julho de 2011

Nunca te humilhes, nunca lutes por uma causa perdida, nunca dês o melhor de ti a quem não o sabe apreciar. Não sonhes demasiado alto, vive o presente, vive o que tens na mão. Não percas tempo com quem não te dá o seu tempo. Não desrespeites quem já te desrespeitou mas também não lhe tenhas apreço.

Corre atrás daquilo em que acreditas mas nunca ignores as tuas certezas e muito menos as evidências. Não percas tempo com pormenores irrelevantes, não lhes dês assim tanto valor.
Desvia-te de todo o mal que te consome a alma e de todo o mal que te consome o coração.
Escuta os mais velhos, eles já viveram mais que tu, sabem coisas que tu ainda não sabes e têm mais soluções para os problemas.

Não acredites sempre no teu coração, às vezes deves dar mais ouvidos à razão. Estima quem te estima.
 Volta ao início quantas vezes precisares, começa tudo de novo quantas vezes for necessário, só não vivas na inércia, só não te percas, só não te desrespeites, só não percas o amor por ti, só não percas o respeito por ti.

O que aqui te deixo não são conselhos, são antes factos que já podem ser considerados certezas por quem um dia também já precisou de recuperar a sua dignidade.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Devo ter aprendido no meu primeiro dia de trabalho no Banco que a satisfação do cliente é a chave do negócio. Dificilmente conseguimos fidelizar um cliente insatisfeito – é básico este raciocínio.

Aprendi desde cedo que muitas vezes devemos parar todo o trabalho que temos em mãos para prestar 5 minutos de atenção a um cliente, se o cliente exige atenção nós damos-lhe o nosso tempo – também é básico este raciocínio.

Hoje fui ao meu Banco e perguntei qual era o procedimento a adoptar para cancelar a minha conta. Ninguém me deu 5 minutos de atenção, ninguém questionou a minha pretensão.
Não sou uma cliente com elevada carteira de negócio, mas sou uma cliente razoável, e muitos clientes razoáveis fazem muito negócio.

O meu Banco perdeu hoje uma cliente que estava a pensar se devia ou não deixar de ser cliente.

É certo que as notícias sobre o BCP não andam famosas, mas também não havia necessidade de terem contratado uns funcionários que ajudam a afundar ainda mais o barco.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Quando nasci senti o amor dela, sei que senti, só posso ter sentido. Ainda hoje sinto um amor anormal, um amor que supera todos os amores do mundo. Ainda lhe chamo mãe, nunca a tratei de outra forma. Mãe é aquela que dá amor, e o maior amor de todos foi sempre ela que me deu. 

Se eu tentasse explicar por palavras o tamanho do sentimento que nutro por ela, provavelmente muito ficaria por dizer. Ela é a chave da minha vida, foi ela que me criou, foi ela que me deu todo o amor que eu precisava e que nunca obtive em mais lado nenhum, é ela que ainda hoje me ampara.

Dentro do desequilíbrio que sempre foi a minha infância e a minha adolescência, ela conseguiu equilibrar a minha vida, conseguiu fazer de mim, mesmo no meio de uma enorme instabilidade familiar, a pessoa equilibrada que hoje sou. Tudo lhe devo, o que fui, o que sou, e a mãe que aprendi a ser.

Hoje, com 31 anos, ainda sinto o amor dela como senti no dia em que ela me amou pela primeira vez.
Sei que no dia que ela deixar de existir parte de mim morrerá também, mas eu não concebo a vida sem ela, ela é a base de tudo. Todo o amor que trago dentro de mim, tudo aquilo que aprendi a ser, aprendi com ela.

Amo-te mais que tudo na vida.

Para a minha avó, um feliz dia dos avós.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Tenho uma simpática relação com tachos e uma péssima relação com todas as outras tarefas domésticas. Não gosto de nada. Não gosto de limpar o pó, de fazer a cama, estender roupa, lavar o chão. Detesto tudo. Tudo o que faço dentro de casa é feito por obrigação e não por prazer. Ora, eu assumo tudo o que me dá prazer, assim como assumo tudo aquilo que não gosto.

O dia da independência aconteceu quando a empregada entrou pela primeira vez cá em casa. Senti que podia deixar de odiar o pano do pó porque não teria mais de me cruzar com ele, nesse dia resolvi dar tréguas à minha falta de amor pelas tarefas domésticas, e desde que a empregada chegou cá a casa sinto que a minha relação com o lar melhorou substancialmente.

Tenho uma certa tendência ao exagero, sofro de exagero na arrumação e na limpeza. A minha casa está com o feng shui completamente desnorteado, neste momento não tenho casa, tenho antes um campo de batalha dirigido com uma bebé de 6 meses. Temo que nos próximos anos não irei recuperar o feng shui da casa.

Compenso esta falta de amor pelas tarefas domésticas com o amor pelos tachos.
Eu amo a minha cozinha, amo as minhas panelas e os meus tachos. Jamais teria uma Bimby, a Bimby iria funcionar como um amante dentro de uma relação, iria estragar o meu amor pelos tachos, e eu não quero que esse amor acabe.
Não gosto de coisas rápidas, não gosto de fazer o jantar a correr, não gosto de não dar tempo ao amor apurar. Quem cozinha com o coração junta o ingrediente do amor à comida. 
Cozinhar é uma arte, e um dia eu vou ter uma cozinha com vista para o mar e vou ser uma Nigella da vida. Um dia vou cozinhar para 5 filhos e vou contratar a empregada a tempo inteiro. 
Nesse dia é que vai ser! ui ui!

domingo, 24 de julho de 2011

Tenho uma amiga que vai casar. Fico sempre feliz quando alguém dá passos importantes na vida. O casamento é sinal de maturidade, é sinal de avanço, é sinal de que o amor chegou em grande estilo.

Curiosamente nunca me imaginei casada. A mãe idealizou uns 300 tipos de casamentos diferentes para mim, todos eles implicavam um véu, um vestido de noiva e muitos convidados. Durante anos alimentei-lhe esse sonho mas sempre com a certeza de que nada daquilo um dia seria real. Eu sei e sempre soube o que queria para a minha vida, e um casamento assim não era com toda a certeza.

Primo pela simplicidade em tudo na vida. A minha roupa é simples e prática, o meu feitio apesar de difícil é transparente, na vida só me fazem falta coisas essenciais, a minha filha só tem um nome próprio, não gosto de ostentações de riqueza, nunca pensei em casar vestida de branco, nunca sonhei em ter um casamento com 200 convidados.

Hoje, já cheia de certezas sobre as minhas vontades, digo que, um dia, quando eu casar, se casar, aquele momento vai ser só nosso. É assim que eu idealizo o casamento, desde o primeiro até ao último dia será um momento só nosso.

Um dia vou acordar num sítio qualquer, vou olhar para o outro lado da cama onde repousa o amor, e vou-lhe perguntar: Vamos ali casar?
Vai ser assim o dia do meu casamento. Simples, feliz e nosso.

Felicidades, Catarina.

Amy Winehouse


Não tenho compaixão por gente que tem tudo e esse tudo não lhe chega. Não lamento mortes de pessoas alcoólicas, drogadas e delinquentes. Cada um traça o seu caminho, eles traçaram o deles. As escolhas de vida são nossas, cada um faz a sua.
Vai em paz, Amy. 
Cada um vai na sua hora, seja a hora imposta por Deus ou escolhida por nós. Ela escolheu a hora dela.

sábado, 23 de julho de 2011

Num mundo perfeito...

...esta seria a minha casa. 


O meu atelier seria virado para o mar. 
Existiriam dois pares de galochas lamacentas perfeitamente alinhadas na soleira da porta – as minhas e as tuas.
A minha horta teria alfaces plantadas, todos os dias as regava. 
Bebia o chá de pêssego e manga sentada naquela cadeira de baloiço que estaria no canto do alpendre.
Tu trazias-me a tua mão pequenina cheia de flores campestres, e eu agradecia-te com um abraço.
Ela cantava, e eu ficava assim, horas e horas a contemplar o infinito...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Ela sorri quando olha para mim, ela dá gargalhadas quando a olho com os olhos arregalados, ela abraça o meu pescoço como ninguém, morde-me o nariz e baba-me a cara. Quando se sente desconfortável é no meu colo que acalma, quando me vê estende os braços. Adormece deitada no meu peito, agarra o meu dedo como se fosse o seu bem mais precioso, e eu fico ali a vê-la dormir, e adoro ficar assim, só assim, a afagar-lhe o cabelo enquanto ela dorme.
É tão bom amar assim.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Irritam-me solenemente as distinções entre classes sociais, sempre me irritaram. Nunca vivi num bairro rico, antes pelo contrário. Fui criada no meio de brancos e pretos, no meio de gente pobre e gente remediada. A minha realidade era só uma – éramos todos iguais.

Não tendo pais ricos percebi rapidamente que tinha de me fazer à vida. Construí a minha personalidade e criei as minhas defesas, instrui-me o melhor que pude, ainda hoje continuo essa instrução. Escolhi as minhas amizades e os meus relacionamentos. Nem sempre tendo tido relações “funcionais”, ficou-me pelo menos a certeza de ter escolhido para a minha vida sempre gente intelectualmente compatível comigo.

Não volto a aceitar na minha vida alguém que me magoou, não tenho respeito por gente que me desrespeitou. Tenho uma enorme capacidade de amar, consigo amar sem reservas, mas não consigo perdoar com facilidade. Não nasci definitivamente para ser burra.

Já vivi bem, depois vivi mal e depois novamente bem. Já passei uma fase na minha vida que não tinha dinheiro para ir ao supermercado, não me orgulho de ter sido orgulhosa, hoje, a ser preciso, pediria ajuda. Já passei uma fase de excentricidade, já vivi experiências únicas, mas para minha grande felicidade e orgulho nunca deixei de ser a pessoa idónea, honesta e leal que sempre fui.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Eu nunca fui de bonecas. Aos 10 anos tive o meu primeiro skate, aos 11 mudei-lhe os rolamentos, aos 12 já fazia rampas e saltos. Não era uma miúda encantadora. Na verdade ainda hoje penso que alguns dos miúdos que brincavam comigo na altura nunca se aperceberam que eu era rapariga. Aos 13 jogava futebol melhor que muitos rapazes. Aos 14 recebi uns rolamentos internacionais para o skate – nesse dia chorei de alegria.

Não percebia muito de Barbies, mas era craque em mecânica. O pai metia-me a ler revistas de mecânica, por isso hoje, sei mudar o óleo a um carro, mudar pneus, sei identificar problemas nos carros pelo barulho do motor, sei mudar velas, travões… comecei a conduzir aos 12 anos.

Em casa nunca aprendi a bordar nem a fazer trapinhos para as bonecas, em contrapartida aprendi a mudar torneiras, furar paredes, mudar lâmpadas, aprendi ainda coisas básicas de electricidade.

A mãe ficou feliz no dia em que eu lhe disse que gostava de desenhar, e encontrou paz no dia em que me viu pela primeira vez de olhos pintados.
Mas vá, a verdade é mesmo só uma, eu sou a gaja mais desenrascada que eu conheço.

terça-feira, 19 de julho de 2011

As decisões que tomamos na vida são deveras importantes para o futuro. Todas são importantes. Sempre decidi com o coração quando muitas vezes devia ter decidido com a razão, mas nunca me arrependi das minhas decisões.
Os meus pais pediram-me que decidisse o meu futuro com a razão, mas a minha decisão foi consciente, sabia que não iria muito longe na vida com as dicas que o meu coração me estava a dar, mas sabia que nada me poderia fazer mais feliz do que seguir aquilo que queria.

Hoje não sou médica, advogada nem cientista, nada disso, sou uma mísera designer que não chegou a lado nenhum na vida, mas sou feliz, muito feliz, tenho prazer nas coisas que faço e não há nada que não saia das minhas mãos que não leve uma grande dose de amor. Não vejo muita gente a depositar amor no trabalho que faz, isso só me vem dar mais certezas na minha escolha.

Eu casei-me com a minha profissão num acto consciente, é por isso que nunca lamentei um minuto perdido, uma noite mal dormida e nunca senti arrependimento pela minha opção.
Digamos que vivo um casamento pobre mas muito feliz e cheio de amor. 
Quando se gosta assim nada pode correr mal. 

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Gosto de coisas simples, de vidas simples, eu sou simples em coisas que muita gente complica, acho que o meu lado masculino muitas vezes se sobrepõe ao meu lado feminino.
Não tenho paciência para grandes superfícies, detesto Centros Comerciais, mais de 5 minutos dentro de uma loja faz-me azia. Se vou comprar umas calças o meu destino é só esse, as calças. Tenho dificuldade em concentra-me no meio de confusão, deve ser por passar demasiado tempo sozinha, na verdade também não tenho muita paciência para pessoas e portanto acho que isso deve condicionar o meu comportamento no meio de multidões.
Gosto da minha paz, a minha casa é onde recupero energias, preciso dela sempre perfeita, organizada e harmoniosa.
Nunca fui de grandes saídas, fui ao Bairro Alto umas 5 ou 6 vezes, honestamente acho que fui vezes a mais. Entrei em discotecas umas 3 ou 4 vezes nestes 31 anos, o barulho desgasta-me. Prefiro uma boa conversa sentada no meu sofá, prefiro o silêncio dentro de casa – o silêncio às vezes é tudo. Tenho saudades de recuperar o meu tempo para me sentar num sábado à noite no meu sofá a ler um livro, a ver um filme ou até a contar carneiros.
Tenho momentos de profunda solidão que adoro, tenho outros em que preciso de ligar a televisão e o rádio em simultâneo.
Olhando para mim, analisando-me, acho que sou um bocadinho chata. 

domingo, 17 de julho de 2011

MRP e o espelho.

Percebemos que estamos em tempos de crise quando entramos na Fnac, damos uma primeira olhadela geral nos livros e reparamos que Margarida Rebelo Pinto está a oferecer espelhos de carteira na compra dos seus livros.
A verdade é que eu até me podia remeter ao silêncio e deixava de fazer piadinhas parvas com o espelho, até porque já encontrei uma série de situações onde poderia precisar do espelho, não fosse eu uma gaja estilo MacGyver. Mas na realidade este utensílio pode perfeitamente ser útil, por exemplo, para arranjar as sobrancelhas na praia, para encontrar aquele pedaço de entrecosto que se meteu entre os dentes, sei lá…
Preciso mesmo de escrever à Margarida. Sinto que preciso porque vim o caminho todo para casa a fazer piadas sobre este assunto e esqueci-me de pensar na utilidade do espelho.
Desculpa Margarida. Tu és uma visionária.
Dou conta que as minhas necessidades vão variando à medida que a minha vida sofre mudanças. Se noutros tempos sentia necessidade de conversar e de estar com pessoas, hoje a minha maior necessidade é dormir.
Não há em mim um músculo que não esteja tenso, não há um cabelo que não me doa, não há uma unha que não esteja cansada.
A Matilde suga-me as forças, a idade dela exige todo o meu tempo e eu anulo-me e dou-lhe o meu tempo.
Ainda não aprendi a confiar a minha filha a ninguém. Tenho momentos em que me questiono sobre quantas mãe com filhos da idade da minha já teriam tido 5 minutos só para si. A verdade é que, desde que a Matilde nasceu que eu não a entreguei 5 minutos ao cuidado de ninguém. A minha filha nunca ficou com a avó, com uma tia, com ninguém. Tenho plena noção do mal que isso me faz e lhe faz. Preciso urgentemente de aprender a confiar nos outros para o meu próprio bem e para o desenvolvimento dela.


sábado, 16 de julho de 2011

TAAG

Até uma pessoa pouco interessante como eu tem os seus momentos de glória.

Consigo em meia dúzia de palavras reunir todas as coisas necessárias para ser feliz. A minha filha faz-me falta, muita falta, ela é a base de tudo. Não preciso de uma casa grande, só preciso de um sítio confortável para viver. Não preciso de carro, sou dependente dele mas sei que é só uma questão de comodismo - do carro abria mão. Só preciso de meia dúzia de roupas confortáveis para vestir, posso viver num bairro modesto, preciso de dinheiro para pagar as contas e para comer, não preciso de grandes riquezas. Preciso de livros, de gente boa de conversa, de gente simples e transparente. 
Para terminar a meia dúzia, também preciso de amor.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Hoje visitei um blogue diferente do habitual. Eu tenho uma lista de blogues que costumo seguir, não sou muito de fugir a rotinas nas minhas leituras, mas hoje fugi e percebi que sou uma pessoa muito pouco receptiva a coisas novas, tenho pouca paciência para escrita a martelo, não gosto de ler coisas sem conteúdo sólido, mas gosto de blogues da treta, daqueles que não dizem nada que se aproveite mas que me fazem rir. Eu sou a contradição em pessoa, amo este meu lado bipolar.
Gente que escreve muito e não diz nada é saturante, é como mastigar carne rija. Tendo em conta que eu não sou uma craque na escrita, e como sou também muito pouco interessante, os meus posts são sempre curtinhos para não massacrar aqueles que não me conseguem mastigar. 
Não o digo com satisfação nenhuma mas é a mais pura das realidades – a nossa relação não é das melhores. Nunca fomos muito próximos, nunca lhe senti grande amor por mim, ainda hoje não sinto. Ele espera sempre o melhor de mim e mesmo quando lhe dei o melhor sei que ele nunca achou suficiente.
A idade já me devia ter tornado diferente, devia estar mais compreensiva, mais benevolente, menos critica… Na verdade não tenho vontade de me sentir de maneira diferente. Passo dias sem lhe ligar e não me sinto mal com isso, sinto que cada dia que passamos sem falar é como se lhe estivesse a dar o troco do passado, eu sei que ele o sente assim e eu quero que ele o sinta mesmo dessa forma, porque na realidade é mesmo isso que se passa, ele está a colher aquilo que semeou.